segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Duas visões de mundo se confrontam em Copenhague

Matéria da Editoria:Meio Ambiente21/12/2009

Tanto o aquecimento global quanto as perturbações da natureza e a injustiça social mundial são tidas como externalidades, vale dizer, realidades não intencionadas e que por isso não entram na contabilidade geral dos estados e das empresas. Finalmente o que conta mesmo é o lucro e um PIB positivo. Mas estas externalidades se tornaram tão ameaçadoras que estão desestabilizando o sistema-Terra, mostrando a falência do modelo econômico neoliberal e expondo em grave risco o futuro da espécie humana. O artigo é de Leonardo Boff.

Data: 19/12/2009
Em Copenhague nas discussões sobre as taxas de redução dos gases produtores de mudanças climáticas, duas visões de mundo se confrontam: a da maioria dos que estão fora da Assembléia, vindo de todas as partes do mundo e a dos poucos que estão dentro dela, representando os 192 estados.
Estas visões diferentes são prenhes de conseqüências, significando, no seu termo, a garantia ou a destruição de um futuro comum.
Os que estão dentro, fundamentalmente, reafirmam o sistema atual de produção e de consumo mesmo sabendo que implica sacrificação da natureza e criação de desigualdades sociais.
Crêem que com algumas regulações e controles a máquina pode continuar produzindo crescimento material e ganhos como ocorria antes da crise. Mas importa denunciar que exatamente este sistema se constitui no principal causador do aquecimento global emitindo 40 bilhões de toneladas anuais de gases poluentes.
Tanto o aquecimento global quanto as perturbações da natureza e a injustiça social mundial são tidas como externalidades, vale dizer, realidades não intencionadas e que por isso não entram na contabilidade geral dos estados e das empresas.
Finalmente o que conta mesmo é o lucro e um PIB positivo.
Ocorre que estas externalidades se tornaram tão ameaçadoras que estão desestabilizando o sistema-Terra, mostrando a falência do modelo econômico neoliberal e expondo em grave risco o futuro da espécie humana.
Não passa pela cabeça dos representantes dos povos que a alternativa é a troca de modo de produção que implica uma relação de sinergia com a natureza.
Reduzir apenas as emissões de carbono mas mantendo a mesma vontade de pilhagem dos recursos é como se colocássemos um pé no pescoço de alguém e lhe dissésemos: quero sua liberdade mas à condição de continuar com o meu pé em seu pescoço.
Precisamos impugnar a filosofia subjacente a esta cosmovisão. Ela desconhece os limites da Terra, afirma que o ser humano é essencialmente egoista e que por isso não pode ser mudado e que pode dispor da natureza como quiser, que a competição é natural e que pela seleção natural os fracos são engolidos pelos mais fortes e que o mercado é o regulador de toda a vida econômica e social.
Em contraposição reafirmamos que o ser humano é essencialmente cooperativo porque é um ser social. Mas faz-se egoísta quando rompe com sua própria essência. Dando centralidade ao egoísmo, como o faz o sistema do capital, torna impossível uma sociedade de rosto humano. Um fato recente o mostra: em 50 anos os pobres receberam de ajuda dois trilhões de dólares enquanto os bancos em um ano receberam 18 trilhões. Não é a competição que constitui a dinâmica central do universo e da vida mas a cooperação de todos com todos. Depois que se descobriram os genes, as bactérias e os vírus, como principais fatores da evolução, não se pode mais sustentar a seleção natural como se fazia antes. Esta serviu de base para o darwinismo social. O mercado entregue à sua lógica interna, opõe todos contra todos e assim dilacera o tecido social. Postulamos uma sociedade com mercado mas não de mercado.
A outra visão dos representantes da sociedade civil mundial sustenta: a situação da Terra e da humanidade é tão grave que somente o princípio de cooperação e uma nova relação de sinergia e de respeito para com a natureza nos poderão salvar. Sem isso vamos para o abismo que cavamos. Essa cooperação não é uma virtude qualquer. É aquela que outrora nos permitiu deixar para trás o mundo animal e inaugurar o mundo humano. Somos essencialmente seres cooperativos e solidários sem o que nos entredevoramos. Por isso a economia deve dar lugar à ecologia. Ou fazemos esta virada ou Gaia poderá continuar sem nós. A forma mais imediata de nos salvar é voltar à ética do cuidado, buscando o trabalho sem exploração, a produção sem contaminação, a competência sem arrogância e a solidariedade a partir dos mais fracos. Este é o grande salto que se impõe neste momento. A partir dele Terra e Humanidade podem entrar num acordo que salvará a ambos.
Leonardo Boff é teólogo e escritor.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

O compromisso que vale a pena ser mantido


“Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários, e tem direito à segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de meios de subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade”.

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Por Hamilton Octavio de Souza

Aprovada pela Organização das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos completa 61 anos, é uma importante referência para a maior parte dos povos do mundo, mas, ainda, não passa de uma bela declaração de intenções – e não um fato concreto na vida das pessoas, inclusive no Brasil.

A declaração nasceu sob o impacto da Segunda Guerra Mundial, durante aquela situação de barbárie responsável pela morte de milhões de pessoas, não apenas nos campos de batalha, mas principalmente nos campos de extermínio do nazismo, sob o bombardeio das cidades e dizimados pelas bombas atômicas lançadas pelos Estados Unidos em Hiroshima e Nagasaki.

Além disso, o mundo sabia – em 1948 – que a única forma de construir uma nova situação de paz e bem-estar para o conjunto da humanidade seria o estabelecimento de um pacto mínimo de respeito aos direitos básicos e fundamentais de todos os cidadãos, independentemente de raça, cor, credo e posição política. Esperava-se que a Declaração Universal dos Direitos Humanos pudesse ser aplicada e concretizada na face da Terra.

Agora, 61 anos depois, tanto no plano internacional das relações entre países, quanto no plano interno de cada país, é possível verificar que ainda falta muito para avançar na direção dos compromissos definidos na DUDH. O que as tropas dos Estados Unidos fazem na invasão do Iraque e do Afeganistão, e com os sequestros e torturas praticados na base militar de Guantánamo, são inconcebíveis na ótica dos direitos humanos.

Da mesma forma, sob a hegemonia do sistema capitalista neoliberal foram derrubados inúmeros benefícios trabalhistas e sociais conquistados ao longo da segunda metade do século 20. Hoje, o Artigo 23 da Declaração não passa de uma promessa vazia, esquecida pelos governantes e inviabilizada pelo poder econômico: “Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições eqüitativas e satisfatórias de trabalho e à proteção contra o desemprego”.




O mais contraditório de tudo é que a humanidade aprimorou o seu conhecimento tecnológico e produz hoje alimentos e bens suficientes para proporcionar uma vida digna para todos. No entanto, o que gera a desigualdade, a concentração da riqueza produzida, a abundância de uma minoria e a carência de muitos é a ganância – a visão das elites em manter seus privilégios a qualquer custo, mesmo que à sua volta exista um mar de miséria e de abandono.

Por isso mesmo o Artigo 25 de Declaração também é uma promessa: “Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários, e tem direito à segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de meios de subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade”.

Finalmente vale lembrar que aqui, no Brasil, uma das propostas da DUDH, essencial para a realização da vida de todo ser humano, continua distante de boa parte das pessoas: é a que está contemplada no Artigo 26, que assegura o direito à educação, tanto no ensino elementar quanto no ensino superior. Como falar em respeito aos direitos humanos se ainda existem milhões de analfabetos no Brasil, o tempo de escolaridade é baixíssimo e a falta de ensino superior público e gratuito restringe o futuro da maioria dos jovens?

É hora de o Brasil levar a sério o que assinou há 61 anos. Pelo menos isso!

Hamilton Octavio de Souza é jornalista, editor da Caros Amigos e professor da PUC-SP-- Ousar lutar, ousar vencerCarlos LamarcaÉ preciso não ter medo, é preciso ter a coragem de dizerCarlos Marighella

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

VAMOS ASSISTIR O VIDEO?

Amigos do Amor, Fazendo a Diferença no Rancho dos Servos Pobres
O mundo precisa de paz, precisa do amor, que é o mais belo e imprescindível sentimento do qual somos capazes. Ao invés de esperarmos que o mundo ...


entre no: YOU TUBE

digite a palavra "servos dos pobres"

boa reflexão, PAZ

domingo, 6 de dezembro de 2009

MENSAGEM - A FELICIDADE


Um amigo meu, chamado Paulo, ganhou um automóvel de presente de seu irmão, no Natal.
Na noite de Natal, quando Paulo saiu de seu escritório, um menino de rua estava andando em volta do reluzente carro novo, admirando-o.
- Este carro é seu, senhor? - ele perguntou.
- Sim, meu irmão me deu de Natal...
O garoto ficou boquiaberto.
- Quer dizer que foi um presente de seu irmão, e não lhe custou nada? Rapaz, quem me dera... Ele hesitou.
É claro que Paulo sabia que ele ia desejar ter um irmão como ele. Mas o que o garoto disse chocou tanto a Paulo, que ele ficou desarmado.
- Quem me dera - continuou o garoto - eu ser um irmão como esse!
Paulo olhou o garoto com espanto, e então, carinhosamente, perguntou:
- Você gostaria de dar uma volta no meu automóvel?
- Ó, sim, eu adoraria!
Depois de uma voltinha, o garoto virou-se e, com os olhos incandescentes, disse:
- O senhor se importaria de passar em frente à minha casa?
Paulo sorriu. Pensou que soubesse o que o menino queria. Ele queria mostrar para os vizinhos que podia chegar em casa num carrão. Mas Paulo estava, novamente, enganado.
- Pode parar em frente daqueles dois degraus? - perguntou o garoto.
Após ter parado, ele subiu, correndo, os degraus da pequena casa em que vivia.
Passados alguns momentos, Paulo viu-o retornar vagarosamente, pois carregava seu irmãozinho paralítico no colo. Sentou-o no degrau inferior, abraçou fortemente e apontou para o carro.
- Aí está o carro, amigão, exatamente, como eu te contei lá em cima. O irmão desse moço deu o carro a ele, de presente de Natal. Não lhe custou nem um centavo. Algum dia eu também vou te dar um igual. Então, você poderá ver com seus próprios olhos, as vitrines de Natal e todas as coisas bonitas sobre as quais eu venho tentando lhe contar.
Paulo saiu do carro e colocou o menino paralítico no banco da frente. O irmão mais velho, com os olhos brilhando, sentou-se no banco traseiro, e os três deram uma volta pelas ruas.
A felicidade é muito maior
quando proporcionamos
um pouco da nossa
a alguém!